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“Derrota não é só da Dilma, nem do Lula, nem do PT. Não é nem da esquerda. É de todas as forças progressistas”, diz sociólogo

por Eduardo Maretti, da RBA publicado 31/08/2016 15:45

São Paulo

“A palavra precisa com relação ao que aconteceu com Dilma e o julgamento é: ignomínia. As elites perpetraram essa ignomínia e venceram. Vamos ver o que vai acontecer, mas estou bastante pessimista. As elites brasileiras apostaram que podiam puxar o chicote e fazer o país regredir para a Casa Grande e Senzala, e estão ganhando a aposta.”

A opinião é do sociólogo Laymert Garcia dos Santos, sobre o impeachment de Dilma Rousseff, aprovado por 61 votos a 20.

“A derrota não é só da Dilma, nem do Lula, nem do PT. Não é nem da esquerda. É de todas as forças progressistas. A regressão do tipo que se abateu no país é uma derrota inclusive dos liberais e democratas. A corrupção venceu.”

Segundo o sociólogo, “as elites achavam que era preciso interromper o processo de democratização que estava em curso, primeiro a democratização política, e depois social e econômica, e ao mesmo tempo apagar isso da memória dos brasileiros”. Para ele, “não houve uma reação à altura desse desafio, e o povo é quem perdeu”.

Laymert acredita que, em função de algumas vozes “que de certo modo trazem algum alento”, pode-se acreditar que no médio prazo haverá reação contra a supressão de direitos e as medidas que se espera após a consumação do golpe.

“Vejo João Pedro Stédile dizendo que vai haver um acirramento dos conflitos. Vejo Luis Nassif dizendo que no médio prazo vai haver uma reação, porque o país que teve Celso Furtado, Juscelino Kubitschek, Guimarães Rosa etc, um país que teve tudo isso não pode aceitar o que está acontecendo. Então, eles acham que vai haver uma reação. Mas, na minha opinião, no curto prazo a aposta das elites venceu.”

Em abril, logo após a votação que aprovou o impeachment na Câmara, Laymert afirmou que o “espetáculo” mostrou “a consolidação de uma classe política lúmpen”. “Não é à toa que na Europa, nos países democráticos, que não são nenhuma maravilha, eles estão entre horrorizados e estupefatos com o nível de baixaria que é o Parlamento brasileiro”, afirmou.

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